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Na estrada da vida

O momento indicado para uma reflexão pessoal e individual

Durante a última semana, recebemos a notícia da reabertura do país. Foi apresentado um plano para, de forma faseada, “reabrir” Portugal e trazer de volta a normalidade. Desta forma, estamos mais próximos de retornar às nossas vidas e às nossas rotinas, as quais nos foram retiradas de forma abrupta. Passamos por uma situação inédita, que para a grande generalidade de nós foi nova, desafiadora e em certa medida assustadora. É normal que com o regresso ao quotidiano, possamos sentir um “misto” de sensações. Podemos sentir a alegria e o alívio de toda esta situação parecer estar perto do fim. Poderá haver o medo de uma maior exposição e de uma segunda vaga que nos faça novamente regredir e voltar à situação de confinamento. A ansiedade por toda a instabilidade a nível laboral, ou o que fazer com os filhos que continuam sem escola. No entanto, nesta nova fase é muito importante que procuremos manter o equilíbrio. É importante não nos deixarmos dominar pelas emoções e não esquecer todo o sacrifício realizado até este momento. Procurar ter sempre presente as medidas que adotamos desde do início da pandemia, para que dessa forma ajudarmos a controlar a situação, mas também para que possamos sentir uma tranquilidade real.

 

O final do confinamento representa então um retorno à normalidade, mas por outro lado representa simultaneamente o final de uma experiência que cada um de nós viveu. Por este motivo, este poderá ser o momento indicado para uma reflexão pessoal e individual. Fomos desafiados pelas contingências do contexto a testarmo-nos a nós mesmos. Tivemos de lidar com emoções com as quais podemos não estar tão familiarizados. Fomos confrontados com a privação de liberdade, que uma grande parte de nós nunca havia sentido. Fomos desafiados a gerir uma rotina complexa e que pela sua restrição e monotonia poderiam conduzir a uma situação de desgaste. Fomos desafiados a gerir relações familiares numa situação a todos os níveis atípica. Fomos desafiados a reinventar a nossa forma de trabalhar. Foram sem dúvida um sem números de desafios, aos quais tivemos de dar uma resposta pronta e sem preparação. Por esse motivo este pode ser o momento para capitalizar toda a experiência que viveu e dessa forma retirar ilações e dar crédito a si, para quando no futuro questionar as suas próprias capacidades.

 

Não esqueça nunca que este foi também um tempo de autoconhecimento, consciente ou não. Na estrada da vida, este momento foi uma paragem na berma, para que pudesse fazer um reajuste na rota, para que pudesse parar para perceber qual o ponto da viagem e quais as mudanças necessárias. Num mundo com um ritmo tão alucinante, este pode ter sido o ponto de viragem. Pois numa viagem, muitas vezes, a beleza está na contemplação do caminho.

 

Dr. José Garrett - Psicólogo e Coach em sáude & bem-estar

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