Ultrapassamos o primeiro mês de isolamento e de contenção social. Esta tem sido uma nova experiência, para a generalidade da população portuguesa e mundial. É normal que toda esta situação provoque uma sensação de mal-estar. Com o passar do tempo e o acumular de dias nestas condições é normal que o sentimento de fadiga e desgaste vá aumentando. Por muito boa que seja a rotina que elaboramos no início da pandemia e por muito cumpridores que sejamos na realização da mesma, não deixa de ser difícil de gerir tantos papéis em simultâneo. Por muito diversificada que seja a nossa rotina, é complicado não fugir da monotonia sentida pelo espaço circunscrito onde esta se desenvolve. Por muito que as tecnologias nos permitam manter uma proximidade com os que nos são queridos, estas não substituem a presença física e a demonstração de afeto presencialmente. Mesmo mantendo uma atividade física regular, esta provavelmente não substituir tudo aquilo que a sua atividade física anterior proporcionava.

 

Podemos então dizer que este é um período negativo, esperando passivamente pelo seu fim. Porém esta é apenas a perspetiva do copo meio vazio. Como quase todos já ouvimos, este pode ser um período de evolução a diferentes níveis. Há umas semanas, quando falávamos da importância das rotinas, percebemos que umas das coisas que poderíamos incluir era a busca por novos conhecimentos que nos permitissem ser melhores profissionais, aquando da retoma da nossa atividade laboral. Outro caminho que poderíamos encontrar, como forma de crescimento, seria a aquisição de novos saberes que poderiam não estar diretamente relacionados com a nossa atividade profissional, mas que poderiam ajudar a atribuir um sentimento de utilidade ao tempo que passamos em casa. Estas formas de crescimento, quer pessoal, quer profissional, podem sem dúvida nenhuma pesar para que possamos ver a parte do copo meio cheio.

 

É absolutamente fundamental, que nesta fase de crescimento do desgaste, encontre formas que o permitam relaxar. Fomentar momentos de reflexão pessoal, podem ajudá-lo a manter um certo equilíbrio na hora de olhar para o copo desta situação. Cada pessoa é única e irrepetível na sua singularidade, neste sentido cada um terá a sua forma de refletir e relaxar. Meditar/ rezar, ouvir música tranquilizante, uma massagem, um banho mais prolongado, o silêncio da noite, o escrever no papel pensamentos, ideias ou emoções, ler ou até mesmo a atividade física. Não existe limite para aquilo que nos pode proporcionar uma sensação de relaxe e tranquilidade. É importante que consiga perceber o que o permite atingir esse objetivo e que inclua na sua rotina. Dessa forma, poderá ver tão bem quanto o copo meio vazio como o copo meio cheio.

 

Dr. José Garrett - Psicólogo e Coach em sáude & bem-estar